Tomar decisões faz parte do nosso quotidiano. Se muitas das decisões que temos de tomar diariamente têm um impacto menor na nossa vida a médio e longo prazos (a roupa que vestimos, a comida que escolhemos para o almoço, etc.), outras poderão efectivamente influenciar o nosso rumo (a escolha de um curso ou profissão, emigrar, casar, ter filhos, desistir de um curso, assumir ou esconder uma característica nossa que consideramos não aceite ao nível social, etc.).
O que nos faz decidir? O que nos faz hesitar? Considero aqui que a tomada de decisão é feita na relação entre a emoção e a razão.
Sentimos que as emoções, positivas ou negativas, nos fazem avançar para, ou evitar situações.
Se algumas emoções negativas poderão ter utilidade em termos de sobrevivência (se sentimos medo, tendemos a fugir e automaticamente a circulação sanguínea das nossas pernas é activada – função biológica) elas podem condicionar as opções de escolha que encontramos – se estamos de “mau humor” tendemos a recordar momentos negativos e a subestimar a probabilidade de ocorrências positivas.
As emoções positivas – como a alegria, o amor, a calma, o bem-estar, o prazer – alargam os nossos horizontes, ajudando-nos a construir recursos para lidar com as situações do dia-a-dia – quando nos sentimos mais satisfeitos ou mesmo apaixonados, parece que todas as questões têm diferentes soluções possíveis.
As nossas opções de escolha são influenciadas pela emoção que pensamos que vamos sentir – se penso que me vou sentir bem com a decisão, mais facilmente encontrarei alternativas; se penso que me vou sentir mal com a opção feita, sinto emoções negativas e tenho menos facilidade em encontrar soluções/opções de escolha.
Sabemos contudo que não decidimos apenas pela emoção e que, se a emoção é o sal, a razão será a pimenta que nos levará à tomada de decisão. Para uma decisão adequada, teremos de encontrar o equilíbrio ajustado à situação – o tempero a gosto.
Recorremos frequentemente à lógica, podendo utilizar cálculos matemáticos, princípios da utilidade, ou mesmo a análise de um especialista, de forma a nos sentirmos mais seguros com a nossa opção – se bem que estes métodos tentem excluir as emoções ou eventuais distorções consequentes, elas estão sempre associadas a qualquer decisão tomada: Damásio (1995) verificou que pessoas com lesões cerebrais, cujos únicos danos se davam ao nível das emoções, perdiam a capacidade de tomar decisões (decidir onde viver, ou se vai comer carne ou peixe, por exemplo).
Se a nossa decisão é mais lógica, apela a métodos mais racionais, enquanto uma decisão emocional é geralmente mais rápida.
De acordo com as nossas características individuais (mais emocional ou mais racional) e com a situação em si, tomamos decisões. Se nos sentirmos mais ambivalentes, poderá ajudar fazer uma listagem dos ‘prós’ e ‘contras’ de determinada decisão, pedir a opinião de alguém por quem tenhamos consideração mas, sempre, escutando as nossas emoções.
Referências Bibliográficas: Damásio, A. (1995). O Erro de Descartes. Publicações Europa-América. Lisboa. Damásio, A. (2000). O Sentimento de Si. Publicações Europa-América. Lisboa. Fredrickson, B. L. (2003). The value of positive emotions. American scientist, 91(4), 330-335. Goleman, D. (1995). Inteligência emocional. Ed. Temas e Debates.